Postado por: Clínica de Direitos Humanos UFPR julho 29, 2017



No Guia, falamos um pouquinho sobre interseccionalidade. Para você, que se interessou mais pelo tema, que tal conferir o texto de Léa Mougeolle no Portal da Sociologia? Para acessar o link original, é só clicar aqui.


O conceito de interseccionalidade 
Hoje, vamos falar de um conceito muito presente na sociologia brasileira (inclusive, na minha opinião, é mais presente do que na sociologia francesa). Vamos falar do conceito de interseccionalidade. Você já ouviu falar dele? Ainda não? Então, vamos descobrir do que se trata! 

De quem é o conceito? 
O conceito de “interseccionalidade” foi batizado desta maneira por Kimberlé Williams Crenshaw. Esta mulher é uma feminista e professora especializada nas questões de raça e de gênero. Ela usou este termo pela primeira vez numa pesquisa em 1991 sobre as violências vividas pelas mulheres de cores nas classes desfavorecidas nos Estados Unidos. Este conceito foi usado por outros estudos, mas com os termos de “interconectividade” ou de “identidades multiplicativas”. 

O que estuda? 
Interseccionalidade é um conceito sociológico que estuda as interações nas vidas das minorias, entre diversas estruturas de poder. Então, a Interseccionalidade é a consequência de diferentes formas de dominação ou de discriminação. Ela trata das interseções entre estes diversos fenômenos. 

Como Kimberlé Crenshaw define este conceito? 
Kimberlé Crenshaw define a interseccionalidade como “formas de capturar as consequências da interação entre duas ou mais formas de subordinação: sexismo, racismo, patriarcalismo.” Então, a interseccionalidade tenta estudar não só o fato de ser mulher, estuda ao mesmo tempo o fato de ser negra, ser LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgênero), etc. Na verdade, segundo Kimberlé Crenshaw, frequentemente o fato de ser mulher racializada é relacionado à classe e ao gênero. 

Quais são os fatores de discriminação? 
Kimberlé Crenshaw precisa que o gênero não é o único fator de discriminação. Então, há a necessidade de estudar os outros fatores de discriminação juntos. Adriana Piscitelli precisa que é importante estudar classe, gênero e raça juntos. Avtar Brah adiciona que é importante estudar os diferentes fatores juntos por causa da relação que cada um estabelece com o outro. “Não podem ser tratadas como “variáveis independentes” porque a opressão de cada uma está inscrita dentro da outra – é constituída pela outra e é constituída dela”. 

Desde quando existe este conceito? 
Já, no século 19, nos Estados Unidos, Anna Julia Cooper, Maria Stewart e outros falavam da interseccionalidade entre gênero e raça. Segundo Ochy Curiel, na América latina, os estudos sobre racismo e sexismo existem desde os anos 1980. Porém, Maria Lugones precisa que, durante o século XX, os estudos feministas não faziam sempre uma relação com a raça. “En el desarrollo de los fenómenos del siglo XX no se hicieron explicitas las conexiones entre el género, la clase y la heterosexualidad como racializados”. A raça foi pouco estudada em relação ao gênero e à sexualidade. A questão da raça foi principalmente estudada por tratar das desigualdades sociais. Antes disso, a raça, o gênero e a sexualidade não eram estudados juntos. Os indivíduos que estudavam isso eram, em geral, grupos de mulheres afrodescendentes. Segundo Mara Viveros, faz pouco tempo que existem trabalhos sobre este assunto, particularmente nas ciências sociais e nos trabalhos dos historiadores estadunidenses, tratando da relação entre sexo-gênero e raça. 

Existem muitos trabalhos sobre este assunto? 
Segundo Anne McKlintock e Avtar Brash, os estudos que existem sobre interseccionalidade são pouco produtivos, também se, geralmente, o gênero é mais estudado. Atualmente, os trabalhos sobre a interseccionalidade são cada vez mais presentes na América latina. Porém, segundo Mara Viveros Vigoya, existem ainda temáticas que não foram muito estudadas. 

A qual perspectiva pertence? 
Segundo Mara Viveros, os estudos relacionados às identidades raciais, de gênero e sexuais pertencem à perspectiva do feminismo. O feminismo procura as relações de poder por causa do sexo e do gênero. De fato, para compreender o feminismo, é preciso estudar os conceitos de interseccionalidade que fazem parte da história do feminismo. Neste campo de trabalho, é possível elaborar comparações entre a dominação sexual e o racismo. Por exemplo, segundo Henrietta Moore, a diferença racial é relacionada ao gênero. Segundo ela, teria que estudar a classe e a raça em relação com o gênero e a sexualidade. “O racismo divide a identidade e a experiência do gênero e o gênero e a raça configuram a classe.” curso online de sociologia Para usar de um exemplo mais concreto, Maria Lugones usou da interseccionalidade entre raça, classe, gênero e sexualidade para estudar as violências contra as mulheres de cores.

Deixe um comentário

Subscribe to Posts | Subscribe to Comments

- Copyright © Fala Direito Comigo - Hatsune Miku - Powered by Blogger - Designed by Johanes Djogan - Modified by Bianca, Fernanda, Nadine e Roberta -